Postagens

As eleições e os arranjos regionais | com Carlos Souza & João Paulo Viana | 127

Imagem
Enquanto as pesquisas de intenção de voto indicam uma grande estabilidade na disputa presidencial, com a bipolarização entre Lula e Bolsonaro se solidificando, os candidatos buscam construir alianças nos Estados. Tanto os presidenciáveis querem reforçar sua posição em nível regional, como os candidatos a governador e ao Congresso querem se beneficiar do alinhamento com candidatos presidenciais fortes.   O que se pode dizer sobre esse processo? Qual o sentido das alianças tentadas, mas nem sempre concretizadas? Com um olhar no nacional e outro no regional, em especial para a região Norte do país, este #ForadaPolíticaNãoháSalvação recebe dois convidados, ambos cientistas políticos. Um é Carlos Souza , professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pesquisador da área de partidos e eleições. O outro é João Paulo Viana , professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que também trabalha com esse tema. Ambos são pesquisadores do LEGAL, o Laboratório de Estudos Geopolít
Imagem
Em sua primeira viagem aos Estados Unidos como presidente, em março de 2019, Jair Bolsonaro afirmou: "Nós temos é que desconstruir muita coisa, desfazer muita coisa, para depois nós começarmos a fazer" . Seu governo é evidência cabal de que tal objetivo de desconstrução – ou de destruição – tem sido seguido diligentemente nas mais diversas áreas da administração pública, em especial aquelas contra as quais o bolsonarismo promove sua guerra: meio-ambiente, cultura, relações internacionais, educação, ciência, mas não só.   Uma das faces dessa desconstrução é o ataque e o assédio ao funcionalismo público , ou seja, à burocracia de Estado. A criação de listas negras (ou, no caso, "vermelhas"), a nomeação de pessoal incompetente para certos setores, a militarização, o autoritarismo nas relações de trabalho, a humilhação de servidores. Essas e outras ações compõem o cenário dessa destruição administrativa. Para compreender tal situação este #ForadaPolíticaNãohá

Que risco corremos? | Com Celso Rocha de Barros | 125

Imagem
A escalada autoritária de Bolsonaro só cresce, tendo como seu alvo preferencial o Poder Judiciário ou, mais exatamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A condenação do deputado federal bolsonarista, Daniel Silveira, a quase nove anos de cadeia por ameaças a ministros do STF e ao próprio tribunal teve como resposta uma nova afronta do presidente da República à corte, com a graça concedida por Bolsonaro a seu aliado .   Depois disso, nova crise adveio da observação pelo ministro Luís Roberto Barroso, ex-presidente do TSE, de que as Forças Armadas têm sido orientadas (pelo presidente da República, seu comandante em chefe) a desacreditar o processo eleitoral. O Ministério da Defesa emitiu uma nota agressiva contra Barroso, afirmando ter ele as ofendido . Em meio a isso tudo o STF toma novas decisões contrárias aos interesses do governo ( como as relativas à sua política ambiental ) e se vê às voltas com a questão de como lidar com a situa

Bolsonarismo: linguagem da destruição | Com Miguel Lago | 124

Imagem
O que explica a resiliência de Jair Bolsonaro, que apesar do desastre como governo e na provisão de políticas públicas, mantém uma considerável popularidade e assegura ao mandatário um patamar considerável de intenções de voto? A oposição se vê atônita com a forma de agir do ex-capitão do Exército, marcada pelo uso da hiperconectividade das redes sociais e lançando mão de uma política mística, tanto para governar como para amealhar o apoio de uma base social fiel – em vários sentidos que a palavra "fiel" comporta.   Trata-se de um governo reacionário, voltado à "destruição como forma de constituição de uma utopia regressiva" – como enunciado na introdução ao livro. Destrói-se o Estado administrativo brasileiro, suas instituições e suas políticas. Mas há algo a ser construído? Se houver, do que se trata? O bolsonarismo fala muito de liberdade. Porém, qual a noção de liberdade bolsonaresca? Seria a de fazer "o que der na telha"? Seria a liber

As eleições na França | Com Mathias Alencastro | 123

Imagem
O primeiro turno da eleição presidencial francesa foi muito disputado. Três candidatos dividiram de forma quase igual três quartos do  eleitorado: Emmanuel Macron, Marine Le Pen e Jean-Luc Mélenchon. Esse resultado é mais uma demonstração do ocaso dos dois partidos  tradicionais franceses, os Republicanos (de Direita) e o Partido  Socialista (de Esquerda).   Macron, presidente incumbente, de centro, está à frente de uma  agremiação novíssima, centrada em sua personalidade mais que numa  estrutura orgânica. Le Pen chefia a agremiação de extrema-direita herdada de seu pai, Jean  Marie, à qual tenta conferir uma aparência menos radical, sem contudo  mudar sua substância ideológica. Já Mélenchon, que ficou de fora do segundo turno, lidera uma organização  da "esquerda de confrontação", que toma o lugar dos Socialistas e dá  novo feitio à atuação nesse âmbito do espectro ideológico. O que significam os resultados dessa eleição? O que se pode esperar da  política f

As eleições depois da janela | Com Julian Borba & Sérgio Braga | 122

Imagem
Após muitas trocas de partidos, com congressistas, deputados estaduais e outros políticos mudando suas filiações, as eleições de 2022 ganham contornos mais definidos nos níveis nacional e estadual. As agremiações da base do governo federal, Partido Liberal (PL), Progressistas (PP) e Republicanos (PRB) foram os maiores beneficiários do troca-troca partidário, aumentando significativamente suas bancadas na Câmara, com reflexos em Assembleias Legislativas estaduais.   Com isso, Jair Bolsonaro consolida sua base congressual de sustentação, concentrando o Centrão em torno desses três partidos de adesão – apesar do papel adesista que ainda desempenham parcelas substanciais de MDB, PSD, PSDB e alguns partidos menores, fadados a desaparecer. Aliás, vale registrar que desapareceram seis agremiações nanicas com deputados eleitos em 2018. Com as novas regras eleitorais e partidárias, essa é uma tendência, o que aumenta a importância do crescimento desse núcleo duro do Centrão bolso