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Combate à corrupção: que fim levou? | com Rogério Arantes | 150

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“Queria dizer a essa imprensa maravilhosa, nossa, que eu não quero  acabar com a Lava Jato… Eu acabei com a Lava Jato porque não tem mais  corrupção no governo”, disse Jair Bolsonaro em outubro de 2020 .   Essa declaração ocorreu depois que Sergio Moro já havia deixado o  Ministério da Justiça, após acusar Bolsonaro de interferir na Polícia  Federal.   O fato é que desde então, de fato a Lava Jato acabou, bem como deixou de  existir uma Procuradoria Geral da República independente, pois Augusto  Aras, o PGR, é um serviçal de Bolsonaro.   O presidente também nomeou para o Supremo Tribunal Federal dois sabujos -  Kássio Nunes Marques e André Mendonça - que decidem sempre de forma a  favorecer o Poder Executivo.   Qual o tamanho do desmonte bolsonaresco das estruturas de combate à  corrupção? De que forma toda a construção institucional pós-1988 e,  principalmente, pós-2003 foi desmontada pelo bolsonarismo?   Para discutir esse tema , este #ForadaPolíticaNãoháSalvação rece

As pesquisas erraram? | com Andrei Roman | 149

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  No dia 2 de outubro, no que a apuração das eleições avançava, avançava  também a surpresa. Muitos resultados diferiam bastante do esperado. As pesquisas eleitorais erraram?    Diante do questionamento, veículos de imprensa e responsáveis por  levantamentos de intenção de voto respondiam que não, as pesquisas não  erraram.  A negativa da resposta se baseava em diversos argumentos.  Um era o de que pesquisas mostram apenas um momento da corrida, não  prevendo o resultado final. Assim, não teriam como captar a tempo  mudanças de última hora.  Outro argumento era o da defasagem dos dados do Censo, que atrapalharia a  ponderação dos diversos estratos da população.  Diante da desconfiança do público, uma voz dissonante se fez ouvir:   Andrei Roman , CEO da AtlasIntel , cujas pesquisas mais se aproximaram dos  resultados finais nacionalmente e em diversos estados.  Cientista político e economista com doutorado em Harvard, Andrei é o  convidado deste #ForadaPolíticaNãoháSalvaçã

A estigmatização do PT e o irracionalismo na eleição | publicado originalmente no Nexo Jornal em 02.10.2018

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  A estigmatização do PT e o irracionalismo na eleição Cláudio Couto     O Partido dos Trabalhadores cometeu muitos erros dos quais ainda não se retratou. Porém, entre esses erros não está o extremismo   Nesta eleição presidencial, em que se desenha de forma praticamente irreversível uma nova bipolaridade – entre a extrema direita encarnada por Jair Bolsonaro e a esquerda representada pelo PT –, há um aspecto do debate político que sobressai. Trata-se da equiparação entre os dois polos, como se eles fossem realmente similares, sintetizada na ideia de que se trata de uma disputa “entre dois extremos”. A ideia dos “dois extremos” vem sendo repetida por diversos atores: adversários das duas candidaturas favoritas, jornalistas, acadêmicos e eleitores comuns. Essa ideia, contudo, faz pouco sentido diante das evidências factuais. Se considerarmos somente os aspectos negativos dos 13 anos do PT no govern

O país que sai das urnas | com Jairo Nicolau | 148

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As eleições de 2 de outubro produziram uma grande vitória eleitoral da direita, inclusive da extrema-direita bolsonarista. Isso ficou patente não só no desempenho acima do esperado de Bolsonaro na eleição presidencial, mas também no aumento da bancada direitista no Congresso e na vitória de governadores bolsonaristas em estados importantes. O bolsonarismo consolidou a direita como nunca antes desde o final da ditadura militar. Deu-lhe não só coesão, mas também maior assertividade ideológica. O Centrão, em vez de moderar Bolsonaro, radicalizou-se com ele.   O que explica esse fenômeno? Que país é esse que sai das urnas em 2022? Para compreender o que ocorreu e o que podemos esperar, este #ForadaPolíticaNãoháSalvação recebe o cientista político Jairo Nicolau , professor do FGV CPDOC e um dos principais pesquisadores brasileiros de partidos e eleições. Jairo Nicolau publicou algo recentemente o livro "O Brasil dobrou à direita: uma radiografia da eleição de Bolsonaro em 20

A religião distrai os pobres? | com Victor Araújo | 147

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Há um fenômeno político que, ao menos desde a eleição de 2018, tem chamado a atenção de analistas, estudiosos e do público em geral: a força de Jair Bolsonaro no eleitorado evangélico. Naquela eleição estima-se que cerca de 70% do voto evangélico foi para Bolsonaro, tendo um peso importante em sua vitória nas urnas. Em 2022 esse número caiu, mas ainda assim é alto: pouco mais de 50% dos evangélicos declaram que votarão para reeleger o presidente. O fenômeno, contudo, não é tão novo. A tendência conservadora, ou mesmo ultraconservadora, de grande parte do eleitorado evangélico se tem verificado em seguidas disputas eleitorais, nos três níveis de governo. O que explica esse fenômeno? E por que mesmo os evangélicos mais pobres têm esse viés conservador no voto, inclusive ao ponto de rechaçar partidos e políticos mais simpáticos a políticas de redistribuição da riqueza? É sua religiosidade que explica tal comportamento eleitoral? Para entender o fenômeno este #ForadaPolítica