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Mostrando postagens com o rótulo Política Brasileira

O Bolsonarismo e a Religião | com Emerson Urizzi Cervi | 216

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Jair Bolsonaro é alvo da Polícia Federal em diversas investigações, que vão desde a prosaica subtração de joias dadas ao governo brasileiro até a urdidura de um golpe de Estado. Diante de uma situação cada vez mais encrencada, o ex-presidente populista convocou um ato em sua defesa para a Avenida Paulista, ocorrido em 25 de fevereiro. O público foi grande: cerca de 185 mil pessoas, segundo contagem feita pelo  Monitor do Debate Político no Meio Digital  da EACH-USP. Mas não é só a multidão presente fisicamente no ato que conta. Houve também uma grande audiência do ocorrido ali em transmissões ao vivo feitas por canais de extrema-direita no YouTube. Ademais, um aspecto em particular chamou a atenção: o tom fortemente religioso do evento, assemelhando-se a um culto evangélico. Esse matiz foi dado não só pelo seu principal organizador, o pastor da Assembleia de Deus, Silas Malafaia, mas também pela ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e pelos discursos de alguns dos presentes, como o dep

Desigualdade no Brasil | com Marcelo Medeiros | 215

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Há décadas o Brasil figura entre os países mais desiguais do mundo, seja qual for o indicador ou o método utilizado para mensurar a desigualdade. Apesar de alguma melhora do Índice de Gini durante os anos 2000 a 2014, período dos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, a desigualdade de renda entre os brasileiros seguiu entre as mais elevadas do planeta. E não se trata de um único tipo de desigualdade, mas de várias desigualdades, hierarquizando ricos e pobres, homens e mulheres, brancos e negros, sudestinos e nordestinos e assim por diante. Aliás, a desigualdade interna ao topo da pirâmide de riqueza na população é bem maior do que a dos pobres entre si. O que significa esta variedade de desigualdades? Por que é importante compreender tais diferenças na formulação e implementação de políticas publicas eficazes em seu enfrentamento? Para discutir esses temas , este #ForadaPolíticaNãoháSalvação recebe o sociólogo Marcelo Medeiros,  pesquisador da Universidade de Columbia  em Nova Yo

Os 'patriotas' antes e depois do 8 de Janeiro | com Jonas Medeiros | 209

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Como se comportava a militância de extrema-direita no Brasil antes do 8 de Janeiro? E como passou a se comportar depois? Quais símbolos e quais ideias-guia orientaram e orientam esse militância? É possível observar mudanças importantes na tática e nas ideias que orientam esse setor da sociedade politicamente mobilizado. Tais mudanças têm efeitos importantes na ativação e no modo de atuar desses segmentos. Essas mudanças, aliás, deixam claro que se trata de um setor social politicamente mobilizado que não é meramente caudatário de lideranças extremistas, como a família Bolsonaro. Os militantes concebem e desenvolvem suas próprias interpretações acerca de como agir em cada conjuntura; mudam suas posições e o julgamento que fazem dos atores a depender do que observam e dos objetivos atingidos ou frustrados. Um dos exemplos importantes de mudança é a forma como os 'patriotas' se veem as Forças Armadas, percebidas num momento como redentoras e noutro como traidoras. Para discutir ta

De Bolsonaro a Lula III | com Antonio Lavareda | 208

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Muito se fala da polarização radicalizada que vivemos no Brasil - assim como em outras democracias do mundo. Em nosso caso, tal polarização cresceu de 2013 em diante, foi impulsionada pelo lavajatismo e aprofundada pelo quadriênio bolsonarista. Ao analisar esse processo, contudo, é preciso ter cautela e analisar a realidade levando em conta as diferenças entre os polos. A polarização se constitui por uma extrema-direita, encarnada pelo bolsonarismo, mas não há uma extrema-esquerda em contraposição. Trata-se, portanto, de uma polarização assimétrica. De que forma o país se encontra hoje, mais de um ano após as eleições e com o terceiro governo Lula quase completando seu primeiro aniversário? A polarização se radicalizou ainda mais, ou há dados que nos possam indicar o contrário? Temos motivos para sermos otimistas, ou o pessimismo é inevitável diante das evidências? Para discutir tais temas, o #ForadaPolíticaNãoháSalvação, em seu último episódio do ano de 2023, recebe o cientista políti

Biografia do Abismo | com Felipe Nunes & Thomas Traumann | 207

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Em todas as democracias há polarização política. O discurso de "nós contra eles" é esperado nas disputas eleitorais e no embate entre governo e oposição. Contudo, qual o limite para isso sem que se estiole o próprio jogo democrático?   Durante os anos da polarização PT-PSDB no Brasil, os limites foram por muito tempo delimitados pela lógica da competição entre adversários, não inimigos. Isso começou a desandar na contestação de Aécio Neves ao resultado das urnas em 2014 e na batalha que culminou no impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Mas isso ainda era café pequeno perto do que viria a ser a polarização do petismo com o bolsonarismo – uma polarização assimétrica, diga-se. Afinal, enquanto o PT ocupa o lugar de uma esquerda democrática, o bolsonarismo lidera a extrema-direita no Brasil.   A partir daí, as posições políticas se calcificam e os adversários dão lugar a inimigos a serem extirpados. Eleições passam a ser atos identitários e o julgamento sobre políticas públicas