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Bolsonaristas e mileístas: quanto se parecem? | com Pablo Ortellado | 206

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Frequentemente o novo presidente Argentino, Javier Milei, é referido como o "Bolsonaro Argentino". Será que é mesmo? Ao mesmo tempo é possível apontar semelhanças profundas e diferenças significativas entre ambos os líderes de extrema-direita.   Tanto um como outro tenham, ao longo de suas campanhas eleitorais, adotaram bandeiras mais características de sua contraparte do que deles próprios. Tendo tal mudança ocorrido durante as campanhas eleitorais, a lógica de tais ajustes no discurso tem a ver, certamente, com o que perceberam como demandas de seus potenciais eleitores e apoiadores.   E que demandas são essas? O quanto, afinal, bolsonaristas e mileístas se parecem? Para responder a tais perguntas , este #ForadaPolíticaNãoháSalvação recebeu o pesquisador e professor da Escola de Ciências Artes e Humanidades da USP (EACH USP), Pablo Ortellado . Ortellado, que também é colunista do jornal O Globo , coordena uma pesquisa que, por meio de enquetes em atos políticos,

O STF e o tabuleiro político | com Marjorie Marona | 205

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Após uma longa espera, finalmente o presidente Lula indicou os nomes para substituir Augusto Aras na Procuradoria Geral da República e Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal.   Desde o começo ficava claro que Lula dificilmente levaria em conta critérios de representatividade social nessas duas indicações, cedendo às pressões de setores da sociedade que reivindicavam outra mulher para o lugar de Rosa Weber, preferencialmente negra. No caso da PGR essa demanda foi mais fraca e a expectativa estava mais relacionada à importância de substituir um inepto como Aras por alguém que ao menos cumprisse os deveres funcionais atinentes ao chefe do Ministério Público Federal. Lula optou por nomes que lhe inspirassem confiança política e lhe assegurassem canais de diálogo com figuras poderosas dentro e fora do STF. Por isso, optou por seu ministro da Justiça, Flávio Dino, para o STF e, para a PGR, escolheu Paulo Gonet, homem da confiança dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Mora

Que se passa na Argentina? | com Dolores Rocca Rivarola | 204

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Em meio a uma brutal crise econômica, com inflação de cerca de 150% ao ano, desaceleração econômica, desemprego e aumento da pobreza, a Argentina elegeu seu novo presidente, o extremista de direita, Javier Milei. Sua candidatura se apresentou como uma grande negação à classe política profissional, chamada por ele de "casta" e com a promessa de uma radical liberalização econômica, privatizando tudo o que for possível, eliminando subsídios e extinguindo auxílios estatais. Segundo Milei, a justiça social é uma aberração e é preciso acabar com os diversos órgãos responsáveis por essa área no governo, como as pastas da saúde e da educação. Além disso, o anarcocapitalista (como ele próprio se definiu) defende a dolarização da economia, embora a Argentina simplesmente não disponha de dólares sequer para suas necessidades mais comezinhas. Como um extremista desse naipe, que ainda se caracteriza por uma personalidade excêntrica (conversando com cachorros mortos e dizendo ser professor

A questão racial no Brasil: há o que celebrar? | com Luiz Augusto Campos | 203

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Em 20 de novembro o Brasil celebra nacionalmente o Dia da Consciência Negra. No país que mais tardiamente aboliu a escravidão, onde desigualdades raciais são abissais, tanto econômica como socialmente e nos direitos humanos, há o que celebrar? Devemos ser otimistas ou pessimistas? Nos últimos anos, diversas políticas têm sido adotadas para mitigar o problema. É o caso das cotas raciais no ensino superior e no serviço público. Também no âmbito empresarial há iniciativas voltadas ao aumento da diversidade racial e de gênero, um novo mantra do discurso corporativo. Qual o alcance dessas medidas? Elas de fato alteram o cenário das relações raciais no Brasil, ou atingem apenas pequena parcela da população, em particular no alto da hierarquia social? É preciso lembrar também que a população negra é a mais vitimada pela violência de um modo geral e pela violência estatal, em particular. As polícias matam mais negros, a despeito do paradoxo de serem as corporações estatais com maior participaç

O Enem, a educação, a ideologia | com Fernando Abrucio | 202

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Como quase tudo no Brasil dos últimos anos, também o Enem se tornou alvo de uma acerba disputa ideológica entre a extrema-direita e aqueles que ela vê como seus inimigos. Três questões da prova de humanidades, referentes a questões ambientais e econômicas, produziram a ira da bancada ruralista no Congresso Nacional. Lideranças congressuais ruralistas vociferaram contra o exame, alegando que as ditas questões difamariam o agro e não se fundamentariam acadêmica ou cientificamente. Após anos de apoio dos ruralistas ao bolsonarismo e à sua agenda negacionista da ciência e inimiga da educação e da academia, tais alegações cheiram a cinismo. Mas será que os problemas da prova do Enem, ou mesmo da educação no Brasil, estariam numa suposta ideologização? Ou será que haveria questões mais sérias a serem consideradas? Vem da ideologização o nosso déficit educacional? Para discutir tais temas , este #ForadaPolíticaNãoháSalvação recebe o cientista político Fernando Abrucio, professor da  FGV EAESP