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Mostrando postagens com o rótulo Democracia

Desigualdade racial em tempos de recessão democrática | com Márcia Lima | 135

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Um país já muito desigual, como o Brasil, tem uma de suas desigualdades mais perversas aprofundada durante o período da pandemia e o governo de Jair Bolsonaro: a racial. Isso não é obra do acaso ou do azar, mas decorre das escolhas políticas feitas por esse governo. O ataque a políticas e instituições voltadas a ações afirmativas contribuem para a piora do cenário. O descaso com políticas sociais atinge com maior gravidade quem já é mais vulnerável: a população preta e pobre. Um dos maiores símbolos desse ataque é a entrega da Fundação Palmares – cuja missão é valorizar a memória da luta do movimento negro no Brasil – a um inimigo e detrator desse mesmo movimento. Porém, não é só isso. O incentivo governamental à violência policial tem se refletido na letalidade de ações truculentas das forças de segurança, já que elas têm agora o estímulo e o beneplácito do governo presidencial.   Ainda assim, há frutos a se colher do avanço representado pelas políticas de ação afirmat

A reação antigênero | com Flávia Biroli | 134

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O avanço de uma agenda igualitária de direitos relacionados a gênero tem um sentido claramente democrático. Por isso mesmo, a reação ultraconservadora a ela representa mais uma faceta da recessão democrática que marca nosso tempo. Essa agenda democratizante tem diversas dimensões: direitos reprodutivos, casamento igualitário, valorização da diversidade, educação voltada para a tolerância. Pois a reação a essa democratização ataca cada um desses pilares, denunciando uma suposta "ideologia de gênero".   No âmbito internacional, um marco desse processo de afirmação de direitos foi a "IV Conferência Mundial sobre a Mulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz" das Nações Unidas. A ele se seguiram outros avanços no âmbito de organismos transnacionais. Não à toa o reacionarismo contemporâneo vê nos órgãos multilaterais um inimigo "globalista", que faz avançar o "marxismo cultural", em que a questão de gênero ocupa papel central. Mas afi

Limites da Democracia | com Marcos Nobre | 133

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Que perigo (ou quais perigos) o bolsonarismo representa para a democracia brasileira? E como esse movimento de extrema-direita teve sucesso em chegar ao governo central? Os antecedentes da emergência do bolsonarismo e da chegada de seu líder à Presidência da República têm raízes profundas na política brasileira.   As novas direitas surgidas sobretudo após as jornadas de junho de 2013 são um desses antecedentes. O pemedebismo, nascido na redemocratização e que congrega (mas não se restringe) fisiologismo e conservadorismo, é outro. Também a democracia digital, que desloca a democracia de partidos em diversos países. Para entender esse fenômeno este #ForadaPolíticaNãoháSalvação conversa com Marcos Nobre, filósofo, professor de Filosofia Política na UNICAMP e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Marcos acaba de lançar um novo livro, discutindo esses assuntos, e cujo título inspirou o nome deste episódio: Limites da Democracia: de junho de 2013

Golpe de Estado: o nome e a coisa | Com Marcos Napolitano | 129

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Quanto mais se aproximam as eleições de 2022, mais se fala sobre a possibilidade de um golpe perpetrado pelo bolsonarismo. O presidente da República não perde uma oportunidade sequer para fustigar o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e os governos estaduais não alinhados. Indica que se não ganhar a eleição presidencial, afirmará que isso terá ocorrido por alguma fraude.   Embora não dê qualquer evidência das suspeições que levanta sobre o processo eleitoral brasileiro, Jair Bolsonaro mina a confiança de parte da cidadania nas urnas eletrônicas, joga a população contra o Poder Judiciário e invoca repetidamente sua condição de comandante supremo das Forças Armadas. Nessas ocasiões, além de invocar o apoio militar em nível federal, incita também os cidadãos armados a se colocarem a seu lado. Em suas palavras "um povo armado jamais será escravizado". Quem são os armados? Seus apoiadores. Quem os quer escravizar? Ninguém, mas é essa a narrativa.

A Polarização Afetiva | Com Marcus André Melo | 128

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As democracias experimentam um processo de polarização política cada vez mais radical. Já não se trata só da contraposição entre preferências políticas ou afiliações partidárias, mas do antagonismo de afetos. Assim, a avaliação de governos e lideranças e o debate público ficam menos submetidos a considerações racionais e mais a sentimentos - por definição, irracionais.   Pesquisas na ciência política e noutras ciências sociais buscam compreender o fenômeno que ocorre no Brasil e noutras democracias, especialmente onde cresce o populismo. Esse assunto tem sido objeto da atenção do convidado deste episódio do #ForadaPolíticaNãoháSalvação. É ele o cientista político Marcus André Melo , professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante no MIT e na universidade de Yale. Marcus Melo é também colunista da Folha de S. Paulo, publicando semanalmente textos de análise política fortemente ancorados no estado da arte da produção científica. Em diversas d
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Em sua primeira viagem aos Estados Unidos como presidente, em março de 2019, Jair Bolsonaro afirmou: "Nós temos é que desconstruir muita coisa, desfazer muita coisa, para depois nós começarmos a fazer" . Seu governo é evidência cabal de que tal objetivo de desconstrução – ou de destruição – tem sido seguido diligentemente nas mais diversas áreas da administração pública, em especial aquelas contra as quais o bolsonarismo promove sua guerra: meio-ambiente, cultura, relações internacionais, educação, ciência, mas não só.   Uma das faces dessa desconstrução é o ataque e o assédio ao funcionalismo público , ou seja, à burocracia de Estado. A criação de listas negras (ou, no caso, "vermelhas"), a nomeação de pessoal incompetente para certos setores, a militarização, o autoritarismo nas relações de trabalho, a humilhação de servidores. Essas e outras ações compõem o cenário dessa destruição administrativa. Para compreender tal situação este #ForadaPolíticaNãohá